terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Tiago - O Apóstolo Fervoroso

Dos três discípulos do círculo mais íntimo de Jesus, sabemos menos coisas sobre Tiago. Ele nunca aparece sozinho nas narrações sobre o evangelho, mas sempre junto com João, seu irmão mais jovem e conhecido. A única vez em que é mencionado isoladamente no livro de Atos, em que é registrado o seu martírio.
At 12.1-2
Entre Tiago e João, Tiago era o mais velho, pois seu nome sempre é colocado primeiro quando aparecem os dois.  Tiago e João eram irmãos e filhos de zebedeu. Isso significa que Zebedeu era um homem importante.
Mt 20.20; 26, 37; 27.56; Mc 10.35, Lc 5.10, Jo 21.2
O negócio de Zebedeu era grande o suficiente para empregar vários servos.
Mc 1.20
Além disso, a família toda de Zebedeu tinha posição social suficiente a ponto do apóstolo João ser conhecido do sumo sacerdote. João conseguiu que Pedro entrasse no pátio do sumo sacerdote na noite em que Jesus foi preso.
Jo 18.15-16
Como o filho mais velho de uma família bem sucedida, Tiago achava que deveria ter sido o principal dos apóstolos. Por isso, discutiu sobre qual deveria ser o maior dos apóstolos.
Lc 22.24
Mas Tiago nunca foi o  principal dos apóstolos. Mas ele era alguém importante. Em duas das listas dos apóstolos seu nome vem logo depois de Pedro. Ele, Pedro e João foram os únicos que Jesus permitiu acompanha-lo quando ressuscitou a filha de Jairo.
Mc 5.37
Também presenciou a transfiguração de Cristo.
Mt 17.1
Estava entre os 4 que fizeram perguntas particulares a Jesus no monte das oliveiras.
Era chamado por Jesus para orações em particular.
Mc 14.33
Tiago era um apóstolo intenso de fervor e entusiasmo. Jesus deu a ele e a João um apelido: Boanerges – filhos do Trovão.
Mc 3.17
Tiago desejava ter poder de pedir fogo dos céus para destruir vilas inteiras cheias de pessoas. Era franco, intenso e impaciente com aqueles que praticavam o mal.  No entanto, por vezes o zelo fica aquém da justiça. O zelo sem entendimento pode ser condenatório. O zelo sem sabedoria pode ser perigoso. O zelo misturado à insensibilidade é cruel. Sempre que se transforma em cólera desenfreada pode ser mortal.  Vamos ver esse zelo de Tiago.

1 – FOGO DO CÉU.

Lc 9.51-56
Jesus estava se preparando para passar em Samaria. Dirigia-se a Jerusalém para última páscoa, a qual ele sabia que iria culminar com sua morte, sepultamento e ressurreição. É importante o fato de Jesus ter escolhido passar por Samaria. Mesmo que o caminho mais curto da Galiléia para Jerusalém fosse exatamente por lá, a maioria dos judeus que viajava entre esses dois lugares fazia questão de tomar uma direção que os obrigava a percorrer vários quilómetros fora do caminho, passando pelo deserto de Pereia – fazendo-os cruzar o rio Jordão duas vezes – só para evitar passar por Samaria.
Os samaritanos eram uma raça de mestiços dos israelitas do reino do Norte. Quando Israel foi conquistada pelos assírios, as pessoas mais preemintes e influentes das suas tribos foram levadas para o cativeiro e a terra foi reassentada com pagãos e estrangeiros leais ao rei da Assíria. Os Israelitas mais pobres que permaneceram na terra se casaram com esses pagãos.
Os pagãos mestiços não prosperaram na terra, pois não temiam o Senhor. Assim o rei da Assíria enviou de volta um dos sacerdotes que havia levado o cativeiro a fim de que ele ensinasse o povo a temer o Senhor. O resultado foi uma religião que misturava elementos da verdade e do paganismo. Fundaram o próprio sacerdócio, construíram seu próprio templo e criaram seu próprio sistema de sacrifícios. Misturaram a autoridade das Escrituras com a tradição humana.
O primeiro templo dos Samaritanos havia sido construído sobre o monte Gerizim, em Samaria. Esse templo havia sido edificado na época de Alexandre, o Grande, mas havia sido destruído cerca de cento e vinte cinco anos antes do nascimento de Cristo. No entanto, Gerizim ainda era considerado pelos samaritanos como um lugar sagrado e estavam convencidos de que aquele era o único local que Deus poderia ser adorado (Jo 4.20). Por isso, a região era considerada impura.
Jesus escolheu ir a Jerusalém passando por Samaria. Ao longo da viagem, ele e seus seguidores precisariam de lugares onde pudessem comer e passar a noite. Tendo em vista que o grupo que viajava com Jesus era relativamente grande, ele enviou mensageiros adiante deles para providenciar acomodações.
Os mensageiros de Jesus não conseguiram acomodações. Os samaritanos não apenas odiavam os judeus, como também odiavam o culto que se realizava em Jerusalém.  Jesus representava tudo o que era judeu e que eles mais odiavam, por isso, rejeitaram o seu pedido. O problema não era de espaço, mas falta de hospitalidade.
Jesus sempre foi bondoso com os Samaritano.
Lc 17.16; Jo 4.7-29, Lc 10.30-37, At 1.8
Mas ainda assim, eles trataram a Jesus com desprezo. Qual a reação de Tiago e João?
Lc 9.54
Por que a reação foi errada?
1 – A motivação era errada. Eles estavam sendo arrogantes.
2 – Jesus não estava em uma missão de julgamento, mas sim de resgate.
O exemplo de Jesus ensinou a Tiago que a bondade amorosa e a misericórdia são virtudes a serem cultivadas tanto quanto a justa indignação e o zelo fervoroso. O que eles fizeram? Foram para outra aldeia (Lc 9.56).

TRONOS NO REINO

Mt 20.20-24
Nesta passagem temos mais alguns detalhes a respeito do caráter de Tiago. Nesta passagem descobrimos que Tiago não era apenas fervoroso. Intenso, zeloso e insensível, era também ambicioso e auto confiante.
Eles já faziam parte do círculo mais intimo de Jesus, por isso, achavam que mereciam uma posição de destaque no reino. Jesus não lhes fez promessa de cargos de destaque, mas lhes garantiu que iriam beber do seu cálice, mas os principais tronos não lhe competiam.
A ambição dos dois acabou gerando conflitos entre os apóstolos, pois os demais ficaram ofendidos, o debate perdurou até a mesa da santa ceia. (Lc 22.24)
Tiago desejava uma coroa de glória; Jesus lhe deu um cálice de sofrimento. Desejava poder; Jesus lhe deu serviço. Desejava um lugar de preeminência; Jesus lhe deu túmulo de um mártir. Desejava exercer domínio. Jesus lhe deu espada. Catorze anos depois disto, Tiago se tornou o primeiro dos doze a morrer por causa da sua fé.

O FIM DE TIAGO.

A morte de Tiago é relatada em At 12.1-3.
Essa é a única passagem das escrituras em que Tiago aparece sozinho. Herodes ordenou sua morte e o instrumento de execução foi uma espada (decapitado).  Não se trata de Herodes Antipas, aquele que matou João Batista e levou Jesus a ser julgado, mas seu sobrinho e sucessor, Herodes Agripa I. Não sabemos que motivos Herodes tinha para ser tão hostil para com a igreja, para agradar líderes judeus começa a perseguir os cristãos.
Evidentemente Tiago ainda era um homem dedicado, sua intensidade, agora sob o controle do Espírito Santo, tinha sido instrumento para propagação da verdade. Isso demonstra que Tiago estava onde Jesus o havia treinado para estar, na linha de frente do crescimento do evangelho.
A história relata que o testemunho de Tiago deu frutos até no momento de sua execução.
Clemente de Alexandria afirma que Tiago deu tão grande testemunho no tribunal, que aquele que o levou se converteu durante o julgamento, professou sua fé em Cristo  e os dois foram levados juntos para a execução. No caminho ele implorou que Tiago o perdoasse, depois de um instante ele disse: a paz seja contigo e o beijou. Tiago havia aprendido a se mais parecido com André, levando as pessoas a Cristo em vez de tentar julgá-las.
Tiago era dinâmico, forte e ambicioso. Mas no fim de sua vida se torna mais sensível, ele aprendeu a controlar a ira, refrear a língua, redirecionar o seu zelo, eliminar a sede de vingança e perder a sua ambição egoísta.


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