quarta-feira, 18 de março de 2015

Visão Geral do Livro de Números

resumo da biblia, livro de numeros Livro de Números -
Tema: Respeite a autoridade de Yehowah

O Criador merece o respeito de todo o coração dos seus adoradores. Precisam obedecê-lo e cooperar lealmente com os Seus servos designados. Quão bem isso é enfatizado no livro bíblico de Números!

O nome deste livro baseia-se nos dois recenseamentos, ou contagens, dos israelitas, registrados nos capítulos 1 a 4, e 26. Números foi escrito por Moisés nas planícies de Moabe em 1473 AEC, e abrange primariamente 38 anos e 9 meses, remontando a 1512 AEC. — Números 1:1; Deuteronômio 1:3.

Nas três partes de Números acham-se registrados eventos ocorridos no Monte Sinai (1:1 a 10:10), mais tarde no ermo (10:11 a 21:35) e nas planícies de Moabe (22:1 a 36:13). Mas, o que nos podem ensinar esses incidentes? Há em Números princípios que podem beneficiar os cristãos hoje?

I. O CONTEÚDO PROMOVE O RESPEITO A DEUS

Os israelitas já estavam ao sopé do monte Sinai por cerca de um ano, quando Yehowah ordenou que Moisés fizesse um recenseamento. Com exceção dos levitas, todos os varões com 20 anos ou mais foram registrados, e seu número totalizou 603.550. Em lugar dos primogênitos, Deus tomou os levitas para o serviço do tabernáculo. Forneceram-se instruções quanto à ordem de marcha, na qual Judá, a tribo mais numerosa, havia de tomar a dianteira. Por ordem de Deus, os levitas foram então registrados e designaram-se-lhes tarefas sagradas. — Números 1:1 a 4:49.

As ordens de Yehowah sobre quarentena foram seguidas por leis tais como as relativas a casos de ciúme por desconfiança da fidelidade da esposa, e a votos feitos por nazireus. Daí, forneceram-se alguns pormenores com respeito ao serviço do tabernáculo. Por ocasião do erguimento do tabernáculo e da inauguração do altar, os maiorais haviam feito muitas ofertas valiosas. Segundo um modelo dado por Yehowah numa visão, Moisés mandou fazer um candelabro. Quando suas lâmpadas eram acesas e os levitas eram purificados, podiam começar a servir. — Números 5:1 a 8:26.

Foram recapituladas instruções sobre a Páscoa. O erguimento e a desmontagem do acampamento eram orientados por uma nuvem milagrosa sobre o tabernáculo. O povo se acampava e partia “à ordem de Yehowah”. Duas trombetas de prata haviam de ser usadas para congregar a assembléia e para outros propósitos. — Números 9:1 a 10:10.

No vigésimo dia do segundo mês do segundo ano após a partida ao Egito, a nuvem sobre o tabernáculo começou a se mover e Israel pôs-se em marcha. Ocorreram casos de queixas injustificadas. Um deles foi um clamor por carne, mas manifestou-se ganância quando Yehowah proveu codornizes. Miriã e Arão queixaram-se de seu irmão Moisés, e, como punição, Miriã ficou temporariamente atacada de lepra. Como isso deve induzir-nos a mostrar respeito à autoridade constituída por Deus! — Números 10:11 a 12:16.

Doze espias foram enviados a Terra Prometida e retornaram 40 dias depois com deliciosas frutas. Mas, dez dos espias exageraram tanto a estatura dos habitantes e o tamanho de suas cidades fortificadas, que os israelitas desanimados desejaram retornar ao Egito. Em vão, os fiéis espias Josué e Calebe os exortaram a ter fé em Yehowah. Quando o povo falou em apedrejar Moisés, Arão, Josué e Calebe, Deus disse que iria golpear e expulsar a nação inteira. Mas, Moisés intercedeu e Jeová decretou que o povo vagueasse pelo ermo durante 40 anos, até morrerem todos os que tivessem 20 anos ou mais. As únicas exceções haviam de ser Josué, Calebe e a tribo de Levi. A seguir, os israelitas tentaram invadir a Terra Prometida, o que resultou apenas numa derrota desalentadora. — Números 13:1 a 14:45.

Depois disso, foram dadas diversas leis que envolviam ofertas, a violação do sábado e o uso de franjas nas vestes. Daí, Corá, Datã, Abirão, Om e 250 maiorais falaram mal de Moisés e Arão. Em que resultou esse grave desrespeito? Yehowah destruiu com fogo Corá e os 250, ao passo que os demais rebeldes pereceram quando a terra se abriu, tragando-os junto com suas famílias e seus bens. Logo no dia seguinte, os israelitas passaram a murmurar contra Moisés e Arão, e, devido a essa falta de respeito, 14.700 morreram vítimas dum flagelo da parte de Yehowah. Para pôr fim ao murmúrio e indicar que Ele escolhera a Arão, da tribo de Levi, Deus fez com que o bastão de Arão florescesse. A seguir foram dados os regulamentos que envolviam os deveres dos sacerdotes e dos levitas, e a purificação do aviltamento do povo. — Números 15:1 a 19:22.

Em Cades, houve um clamor por água. Visto que Moisés e Arão não santificaram a Yehowah por provê-la milagrosamente, foram informados de que não entrariam na Terra Prometida. Depois de saírem de Cades, o povo chegou ao monte Hor, onde Arão morreu e seu filho Eleazar foi constituído sumo sacerdote. A seguir, os israelitas derrotaram o rei de Arade. Mais tarde, eles passaram a falar mal de Deus e de Moisés, e desta vez Yehowah enviou serpentes venenosas entre eles como punição. Os que eram mordidos ficavam curados por olharem para uma serpente de cobre que Deus mandou Moisés fazer e colocar numa haste. Depois disso, Israel derrotou o rei amorreu, Síon, e o rei de Basã, Ogue, tomando a terra deles. — Números 20:1 a 21:35.

Em seguida são narrados os acontecimentos nas planícies de Moabe. O Rei Balar, de Moabe, contratou Balaão para amaldiçoar os israelitas, mas, em vez disso, por três vezes ele os abençoou. Balaão colaborou para causar que adoradoras de Baal levassem Israel à imoralidade sexual e à idolatria. Yehowah destruiu 24.000 transgressores, até que Finéias cessou o flagelo por executar um israelita imoral e uma midianita. — Números 22:1 a 25:18; 31:15, 16.

Depois de feito outro recenseamento e de se ter estabelecido um precedente quanto aos direitos de herança das filhas, Moisés avistou a Terra Prometida e comissionou a Josué como seu sucessor. Proveram-se instruções quanto a ofertas diárias, semanais, mensais e anuais, bem como a respeito de votos. Daí, houve a vingança contra os midianitas, por terem contribuído para que os israelitas pecassem contra Deus. — Números 26:1 a 31:54.

As tribos de Rubem, Gade e Manassés receberam heranças a leste do Jordão, mas sob a condição de que participariam da conquista do território a oeste daquele rio. A seguir, há uma lista dos muitos acampamentos de Israel, desde o Egito até as planícies de Moabe. Os israelitas receberam então ordens relativas a fixar residência na Terra Prometida. Entre outras coisas, deviam destruir os artigos usados na religião falsa e expulsar os habitantes. As fronteiras da terra foram definidas e foram designados maiorais para ajudar Josué e Eleazar a dividi-la, e foram designadas aos levitas 48 cidades. Foram reservadas seis cidades de refúgio e fornecidas instruções sobre cuidar de casos que envolvessem homicídio não-intencional e homicídio qualificado. Por fim, foram dadas leis sobre o casamento de herdeiro. — Números 32:1 a 36:13.

Ao ler Números, poderá muito bem ficar impressionado com a ênfase dada a mostrar respeito a Yehowah e aos que Ele designa para cuidar de responsabilidades entre Seu povo. Mas, talvez se pergunte sobre alguns pontos. Portanto, as seguintes perguntas e respostas talvez sejam de interesse.

II. ACONTECIMENTOS NO MONTE SINAI

● 5:11-31 — O que acontecia realmente com a esposa culpada de cometer adultério? 

A água em si mesma não causava nenhuma aflição. Mas, era bebida diante de Yehowah, que sabia se a mulher era culpada de adultério. Se ela fosse culpada, Ele faria com que seu ventre inchasse e sua coxa decaísse. Evidentemente, a coxa é usada aqui eufemisticamente para representar os órgãos de procriação. (Veja Gênesis 46:26.) “Decair” sugere que tais órgãos se atrofiavam, tornando impossível a concepção. Isso se harmonizaria com o fato de que se a mulher fosse inocente seu marido devia engravidá-la.

● 8:25, 26 — Será que o princípio da lei sobre a ‘aposentadoria’ dos levitas se aplica hoje ao povo de Deus?

Os sacerdotes eram assistidos por todos os varões habilitados das três principais famílias levitas. Com o tempo, os levitas ficariam numerosos, mas o número de vagas de serviço no santuário era limitado. Sem dúvida, pois, tanto por consideração à idade como para evitar uma sobrecarga de pessoal para tais cargos, Deus instruiu que os varões levitas que atingissem 50 anos deviam ser ‘aposentados’ do serviço compulsório, embora ainda pudessem ajudar voluntariamente. Entretanto, isso não estabelece nenhuma regra para os israelitas espirituais e seus companheiros, porque não estão sob a Lei. (Romanos 6:14; Efésios 2:11-16) Se a idade avançada desqualifica um cristão para certa responsabilidade, ele poderá ser mudado para um serviço que ele possa realizar. Para os verdadeiros cristãos não há aposentadoria da pregação das boas novas do Reino Messiânico.

III. QUANDO VAGUEAVAM DE LUGAR EM LUGAR

● 12:1 — Por que Miriã e Arão falaram mal de Moisés por causa de sua esposa cusita? 

Isso constituiu mais do que uma objeção à esposa de Moisés. O verdadeiro motivo era o desejo de maior poder, especialmente por parte de Miriã. A esposa de Moisés, Zípora, estivera ausente, mas se juntara novamente a ele, e Miriã temia ser substituída como primeira dama no acampamento. (Êxodo 18:1-5) Portanto, ela conseguiu que Arão se juntasse a ela em criticar a Moisés por ter-se casado com uma cusita e em desafiar sua posição ímpar diante de Deus. Por isso, Yehowah castigou tanto Miriã como Arão, mas só Miriã ter sido atacada de lepra pode sugerir que a instigadora era ela. A atitude correta de Arão foi demonstrada por ele confessar e suplicar em favor da leprosa Miriã. (Números 12:10-13) Quanto a Zípora, era a filha de Reuel, o midianita. (Gênesis 25:1, 2; Números 10:29) Em Habacuque 3:7, faz-se um paralelo entre a “terra de Midiã” e Cusã, que evidentemente é outro nome para Midiã, ou se relaciona com um país vizinho. Além disso, certas tribos árabes se chamavam Kusi ou Kushim. Assim, pelo visto “cusita” não se restringia aos descendentes de Cã, por intermédio de Cus, mas aplicava-se também a alguns habitantes de Midiã. Portanto, Zípora podia ser chamada cusita.

● 21:14, 15 — O que era o “livro das Guerras de Yehowah”?

Sem dúvida, tratava-se dum registro histórico confiável das guerras do povo de Yehowah. Talvez principiasse pela ação bem-sucedida de Abraão contra os quatro reis que haviam capturado Ló e sua família. (Gênesis 14:1-16) As Escrituras fazem menção de muitos escritos não-inspirados, alguns dos quais foram usados por escritores bíblicos inspirados como fonte de matéria. — Josué 10:12, 13; 1 Reis 11:41; 14:19, 29.

IV. NAS PLANÍCIES DE MOABE

● 22:20-22 — Uma vez que Yehowah disse a Balaão para acompanhar os homens de Balaque, por que ficou irado quando o profeta os acompanhou?

Deus disse a Balaão que ele não poderia amaldiçoar os israelitas, mas o ganancioso profeta foi com a intenção de fazê-lo, a fim de ser recompensado pelo Rei Balaque, de Moabe. (2 Pedro 2:15, 16; Judas 11) Por esse motivo, ascendeu-se a ira de Deus contra Balaão. Naturalmente, Yehowah desaprovava qualquer maldição contra Israel. Mas, Balaão, igual a Caim, era obstinado em desrespeitar a vontade de Deus. (Gênesis 4:6-8) Depois que Yehowah transformou em bênção todas as tentativas de amaldiçoar, a perversidade de Balaão induziu-o a sugerir que Balaque usasse mulheres de Moabe e de Midiã para seduzir os israelitas e envolvê-los na adoração de Baal. (Deuteronômio 23:5; Números 31:15, 16; Revelação 2:14) Isso trouxe a ira de Deus sobre Israel e resultou na morte de 24.000. Mais tarde, o ganancioso Balaão morreu às mãos daqueles a quem procurava amaldiçoar. (Números 25:1-9; 31:8) Que advertência contra a ganância!

● 25:10-13 — Como foi cumprida esta promessa quanto ao sacerdócio?

O sumo sacerdócio parece ter prosseguido na linhagem de Finéias até o tempo do sumo sacerdote Eli, descendente de Itamar. Esta mudança ocorreu provavelmente devido a uma desqualificação temporária na linhagem de Finéias. Mas, o Rei Salomão trocou Abiatar, descendente de Itamar, pelo sumo sacerdote Zadoque, que descendia de Finéias. (1 Reis 1:1-14; 2:26, 27, 35) Até onde mostra o registro histórico, aparentemente a linhagem de Finéias prosseguiu, depois disso, por muitos anos no sumo sacerdócio.

● 30:6-8 — Pode o marido duma esposa cristã anular os votos dela?

Não, pois os seguidores de Jesus não estão sob a Lei. Deus lida agora com as pessoas individualmente com respeito a votos, e o marido cristão não está autorizado a cancelar ou proibi-los. Naturalmente, a esposa cristã não deve fazer votos que entrem em conflito com a Palavra de Deus ou com as suas obrigações bíblicas para com o marido. — Eclesiastes 5:2, 6.

V. DE GRANDE VALOR PARA NÓS


O livro de Números fornece um valioso elo no registro que conduz ao estabelecimento do Reino de Deus. Aponta também para Jesus Cristo. Por exemplo, os sacrifícios de animais e o uso das cinzas da vaca vermelha apontavam para a provisão ainda maior de purificação mediante o sacrifício de Jesus. (Números 19:2-9; Hebreus 9:13, 14) O incidente relacionado com a serpente de cobre prefigurava a grandiosa provisão de Deus para a vida eterna por intermédio de Cristo. — Números 21:8, 9; João 3:14, 15. 

O livro de Números pode ajudar-nos a evitar a idolatria e a imoralidade sexual. Alerta-nos quanto ao perigo de murmurarmos contra Deus, contra aqueles a quem ele designa cargos de responsabilidade e contra Suas provisões. E, certamente, este emocionante relato deve induzir-nos a mostrar o máximo respeito ao nosso amoroso Deus.

Cânon Muratoriano - Cânon do Novo Testamento

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Além do cânon obviamente abreviado do herege Marcião (140 d.C), a lista canônica mais antiga encontra-se no fragmento muratório. Alista de livros do Novo Testamento corresponde exatamente à da Antiga latina, omitindo-se apenas Hebreus, Tiago ele 2Pedro. Westcott sustenta que provavelmente houve uma falha nos manuscritos com a possível inclusão de tais livros em alguma época. 15 É um tanto inusitado que Hebreus e 1Pedro estivessem ausentes, ao passo que os livros menos freqüentemente citados, Filemom e 3João, estivessem incluídos

segunda-feira, 16 de março de 2015

A LEI DA NUMEROLOGIA DAS ESCRITURAS

Pr. Davis W. Huckabee
 
Muitos dos números usados nas Escrituras têm um significado e importância definidos, de modo que muitas vezes o próprio número indicará o assunto geral do contexto em que é usado. Essa é só mais uma das muitas provas infalíveis de que Deus não faz nada descuidadamente ou por mero acaso, mas que tudo é feito de modo que fique em harmonia com o grande e totalmente abrangente plano e programa de Deus.
Os números têm um grande significado, não só nas Escrituras, mas em todas as áreas da vida humana, havendo uma repetição coerente do mesmo número em várias áreas da natureza, cronologia, química, música e outras áreas. E. W. Bullinger mostra isso em seu livro Number in Scripture (Número nas Escrituras). Ele também observa o seguinte:
"Não podemos ter nem palavras nem obras sem "número". A pergunta a que devemos responder é: O número é usado com um propósito intencional ou por acaso" Certamente, se Deus o usa deve ser com sabedoria infinita e com perfeição gloriosa. E assim é. Cada número tem seu próprio significado; e seu sentido se acha em harmonia e relação moral com o tema em conexão com o qual se mantém. Essa harmonia é sempre perfeita. Cada palavra do Livro de Deus está em seu lugar certo. Pode às vezes nos parecer um desarranjo. A fechadura pode estar num lugar, e a chave pode às vezes estar escondida em outro lugar, em alguma palavra ou sentença aparentemente sem propósito"The Word In Scripture (A Palavra nas Escrituras), p. 21.
Se, pois, em nossa interpretação das Escrituras, sempre tivermos em mente o significado de cada número, isso nos ajudará a confirmar nossas interpretações. A numerologia das Escrituras não é tanto para ser usada para interpretar as Escrituras, quanto para confirmar as interpretações logo que tiverem sido feitas, utilizando-se as precedentes Leis de Interpretação. Dizemos isso como um aviso, pois temos lido de alguns indivíduos que se esforçaram para tornar a numerologia das Escrituras a única regra para interpretar as Escrituras. Eles até tentaram determinar quais versículos eram genuínos e quais eram adições ou alterações posteriores examinando o valor numérico que até mesmo as letras têm. Mas isso é um engano que levará a mais erros. Apesar disso, onde as Escrituras apresentam um número definido, geralmente tem um significado definido como as próprias palavras têm.
Como ilustração do significado dos números das Escrituras, citamos o uso do número quarenta. Quando aparece sozinho é quase sempre usado de tal modo que está de alguma maneira relacionado com um período de provação ou teste, depois do qual há julgamento ou aprovação. Assim, houve chuva na terra por quarenta dias e quarenta noites antes que a terra fosse finalmente destruída pelo dilúvio, Gênesis 7:4,12. E assim os filhos de Israel comeram maná por quarenta dias no deserto, Êxodo 16:35. O propósito expressamente declarado disso é provar se eles andariam de acordo com as leis de Deus ou não, Êxodo 16:4. E assim Moisés esteve no monte com o Senhor por quarenta dias e quarenta noites para testar os israelitas, se eles obedeceriam a Deus conforme eles haviam dito que fariam, Êxodo 34:28 comparado com Êxodo 19:5-8. Assim Jesus foi testado por quarenta dias e quarenta noites no deserto antes de Ele entrar em Seu ministério, Mateus 4:2; Marcos 1:13; Lucas 4:2. E assim Jesus foi visto pelos discípulos quarenta dias após a ressurreição antes de Ele ser elevado ao céu, Atos 1:3. Essa característica sobre esse número é tão comum nas Escrituras que há pouca necessidade de um argumento para demonstrar esse fato.
Esse fato se mantém válido para muitos outros números, embora aparentemente não para todos os números que aparecem na Palavra de Deus. Ao menos alguns números não têm tal aparente significado como outros têm. Os seguintes são alguns dos números mais comuns, e seu significado habitual.
O número um é a unidade principal usado na composição de todos os outros. É o número da unidade, e conseqüentemente é associado à Divindade, pois Deus é uma unidade ao mesmo tempo em que Ele é uma Trindade. Assim, as Escrituras declaram: "Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um". (Gálatas 3:20) "Porque  um  Deus, e um  Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem,". (1 Timóteo 2:5)
Muitas vezes esse número é usado onde se declara o pensamento da unidade como em Mateus 19:5-6: "E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne" Assim não são mais dois, mas uma só carne...". "E no dia seguinte, pelejando eles, [Moisés] foi por eles visto, e quis levá-los à paz, [à união, no grego]". (Atos 7:26) "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor". (João 10:16) "Eu e o Pai somos um". (João 10:30) "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste". (João 17:21) "Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito". (1 Coríntios 6:17) E muitas outras referências há que mostram o significado do número um. Esse número é tal que não se pode dividi-lo sem fragmentá-lo, de modo que deve significar unidade de algum tipo.
O número dois tem vários significados relacionados, e esses foram tão bem explicados por A. W. Pink que nada podemos fazer melhor do que citar suas palavras.
"O número dois, em seus significados escriturísticos, trata da diferença oudivisão. Prova disso se acha na primeira vez em que ocorre na Bíblia: osegundo dia de Gênesis 1 foi quando Deus dividiu as águas. Daí, dois é o número do testemunho, pois se o testemunho de dois diferentes homens concordam, a verdade é comprovada. Dois pois é o número de oposição. Um é o número de unidade, mas dois faz entrar outro, que ou está de acordo com o primeiro ou se opõe a ele. Daí, dois é também o número do contraste, conseqüentemente, toda vez que achamos dois homens juntos nas Escrituras é, com rara exceção, para o propósito de salientar a diferença que há entre eles".Gleanings In Exodus (Ceifando em Êxodo), p. 8.
Algumas das muitas Escrituras que comprovam essas coisas são as seguintes: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro". (Mateus 6:24) "Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada" Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus". (Mateus 18:16, 19) "E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro". (João 8:17) "E, orando, disseram; Tu, Senhor, conhecedor do coração de todos, mostra qual destes dois tens escolhido,". (Atos 1:24) "O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças: uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar". (Gálatas 4:24)
O número três é o número da manifestação, pois Deus se manifesta nas três Pessoas da Trindade. Pelo fato de que esse número tem esse significado, é também o número da ressurreição, e aparece nessa ligação mais do que em qualquer outra. A própria primeira vez em que esse número aparece no Novo Testamento lida com isso. "Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra". (Mateus 12:40) Que esse número é tanto o número da Deidade quanto da ressurreição é revelado onde essas duas coisas são reunidas em Romanos 1:4: "Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor". Enquanto está ligado várias vezes ao número dois, como em Mateus 18:16, é revelado que onde há duas testemunhas testificando a verdade de um assunto, o três é um passo a mais. É uma manifestação maior da verdade.
O número quatro está intimamente ligado à terra, pois lemos acerca dos "quatro ventos", Marcos 13:27; Apocalipse 7:1, "os quatro cantos da terra", Apocalipse 7:1; 20:8; "os quatro confins da terra" Isaías 11:12.
Não só isso, mas até mesmo em nossas conversas comuns, muitas vezes falamos das quatro estações, as quatro direções, os quatro elementos (quer dizer, terra, ar, fogo e água) que no passado se cria constituíam toda a matéria. E muitos outros tais empregos do número quatro que o associam com a terra. Assim, quatro é associado com universalidade e abrangência. Deus fala dos quatro juízos sobre Israel em Ezequiel 14:21, que eram abrangentes e universais sobre todo o Israel.
O número cinco é o número associado com a graça, e muitas vezes tem esse significado nas Escrituras. Assim, o número cinco é bem proeminente no Tabernáculo e seu sistema sacrificial, pois esse número descrevia Cristo em Sua Pessoa e obra. Só para citar uma ilustração disso, vemos que o altar de bronze media cinco cúbitos por cinco cúbitos, Êxodo 27:1-2, que significaria que só pela graça o homem pode se aproximar de Deus. Isso é exatamente o que foi operado na cruz, e quase todos os tipologistas admitem que o altar de bronze tipificava a obra de Cristo na cruz. Deus disse desse altar de bronze que "ali virei aos filhos de Israel", Êxodo 29:43, que mostra que só Cristo é o caminho de aproximação para o Pai, harmonizando com Efésios 2:5, 8: "Pela graça sois salvos".
O número seis é o número do homem nas Escrituras, pois o homem foi criado no sexto dia da semana da criação, Gênesis 1:26-31. E de cada sete dias, seis dias foram dados ao homem, mas o sétimo é reservado para o Senhor, Êxodo 20:9-11. Mas esse número não é associado com o homem somente nas Escrituras, pois até mesmo homens mundanos inconscientemente associam o número com o homem.
"Seis é o número do homem. Foi no sexto dia que o homem foi criado (Gênesis 1:26, 31). Seis dias são a duração do trabalho semanal do homem (Êxodo 20:9). É impressionante como esse algarismo é proeminente na medida que o homem usa em conexão com seu trabalho: cada um dos seguintes é um múltiplo de seis. Há doze polegadas para o pé: dezoito para o cúbito: trinta e seis para a jarda. Assim é também com a divisão do tempo do homem. O dia tem vinte e quatro horas, cada uma dessas é composta de sessenta minutos, e esses de sessenta segundos. É extraordinário que há sóseis palavras na Bíblia para designar o "homem" " quatro no hebraico e duas no grego. Numa perfeita combinação, Aquele que tomou o lugar do homem pecador foi crucificado na sexta hora (João 19:14)"" A. W. Pink, Gleanings In Exodus (Ceifando em Êxodo), p. 222.
Não só isso, mas quando o Anticristo entrar em cena, ele terá "o número de um homem", Apocalipse 13:18, mas seu número é 666 " o número do homem levantado ao terceiro poder, pois ele será um homem deificado. E há um quadro interessante do homem natural que dá para se ver nas seis talhas em João 2:1-11, pois elas estavam frias e vazias até que o poder do Mestre entrou no quadro. Quando, por Sua ordem, elas foram cheias de água (que simboliza a Palavra de Deus, Efésios 5:26), a água foi miraculosamente transformada em vinho, e portanto transformada em bênção, Salmo 104:15. E há outros simbolismos aqui também.
O número sete é o número da perfeição divina, pois no sétimo dia Deus descansou de todas as Suas obras, Gênesis 2:2. No Novo Testamento, esse número aparece mais vezes no Livro de Apocalipse do que em todo o restante do Novo Testamento junto. E isso é como deve ser, pois Apocalipse é o Livro final da Bíblia, e revela as obras finais de Deus com a humanidade. Aí lemos de sete igrejas, sete espíritos de Deus, sete candelabros de ouro, sete estrelas, sete selos, sete chifres, sete olhos, sete anjos, sete trombetas, sete trovões, sete cabeças, sete últimas pragas, sete frascos de ouro, sete montanhas, sete reis e sete novas coisas. Onde quer que esse número apareça, o provável é que ele tenha um significado mais espiritual do que quase qualquer outro número em toda a numerologia das Escrituras.
O número oito tem o significado de novos começos, pois vem depois do sete, o número da perfeição. Foi no dia depois do sábado "no oitavo dia, em outras palavras" que Jesus ressuscitou dos mortos, Marcos 16:1-8, como foi tipificado em Levítico 23:10-11. E desde o tempo da ressurreição de Jesus em diante, Ele sempre se encontrou com Seus discípulos no oitavo dia. Isso significava que o sábado judaico tinha cessado de ser o dia de adoração, e que um novo começo havia amanhecido, onde o oitavo dia "o domingo" seria daquele tempo em diante o dia da adoração em comemoração à ressurreição de Jesus.
De novo, foi Noé, a oitava pessoa, como ele é chamado em 2 Pedro 2:5, que repopulou a terra depois do dilúvio, e assim, foi um novo começo da raça humana. Em Apocalipse 17:11 uma das bestas é vista como uma vez um oitavo, mas um dos sete, que mostra que ela é apenas a forma revivida de um dos reinos anteriores.
Finalmente, a própria eternidade, alias, será um oitavo depois de sete eras, ou dispensações, em que Deus lidou com a humanidade, mas esse "novo começo" será uma era sem fim, a "era das eras" como o texto grego a chama em vários lugares. Veja Efésios 3:21; Filipenses 4:20; 1 Timóteo 1:17; Apocalipse 20:10, e outros.
O número nove não é tão proeminente em linguagem simbólica como alguns dos números precedentes, e conseqüentemente, não é tão fácil determinar seu sentido. É mais comumente usado como ordinal, ou de alguma outra maneira com outros números. E. W. Bullinger diz sobre esse número:
"O número nove é um número muitíssimo extraordinário em muitos aspectos. É mantido em grande reverência por todos os que estudam as ciências ocultas; e na ciência matemática possui propriedades e poderes que não se encontram em nenhum outro número. É o último dos dígitos, e assim marca o fim; e tem o sentido da conclusão de um assunto. Está relacionado ao número seis, seis sendo a soma de seus fatores (3 X 3 = 9, e 3 + 3 = 6), e assim tem o sentido dofim do homem, e a conclusão de todas as obras do homem. Nove é, pois, O NÚMERO DA FINALIZAÇÃO OU JUÍZO". " Number in Scripture (Número nas Escrituras), p. 235.
O número dez, por outro lado, tem o sentido claro de responsabilidade humana. Assim, temos os Dez Mandamentos, que claramente apresentam o dever humano para com Deus e para com o homem. Abraão suplicou com Deus em favor de Sodoma até que ele recebeu a promessa de Deus de que até por causa de dez pessoas justas Ele não destruiria a cidade. Pois Abraão sentiu que Ló teria sido responsável o suficiente para que ao menos dez pessoas justas pudessem ser achadas em sua família apenas, se não houvesse nenhuma outra na cidade, Gênesis 18:32. Comparando com Gênesis 19, é evidente que Ló e sua esposa tinham duas filhas virgens, v. 8, além de pelo menos duas filhas casadas e seus maridos (4 pessoas), v.14, além de pelo menos dois filhos, v.12, de modo que isso totalizou pelo menos dez pessoas. Mas, que tristeza, a maioria deles não eram justos como Abraão havia esperado, e como era sua casa, Gênesis 18:19. E o testemunho de Ló foi tão indeciso que não poderíamos saber que ele foi verdadeiramente salvo, a não ser pelo testemunho de 2 Pedro 2:7-8.
E havia dez leprosos purificados, mas só um retornou para dar graças a Deus, Lucas 17:12-18. Havia dez virgens testadas pela vinda de Cristo, Mateus 25:1. Dez servos foram testados pelo seu mestre quanto à sua fidelidade, Lucas 19:11-27. Havia dez pragas sobre o Egito para testar a nação quanto à sua responsabilidade de obedecer ao mandamento de Deus para liberar Israel.
O número onze é outro número que não tem um significado tão claro como os outros, mas pode ser que seu sentido simbólico esteja nos números cuja soma some até onze, como sugerem alguns. Em Êxodo 26:9, as cortinas do Tabernáculo, sendo onze em número, são juntadas cinco e seis à peça, que parece comprovar isso. Evidentemente, há um sentido espiritual nesse número, pois é usado em vários contextos em referência à construção do Tabernáculo, e também em algumas das ofertas.
Finalmente, doze é o número que é associado ao Governo Divino, havendo doze tribos de Israel, sobre as quais doze apóstolos deverão governar em doze tronos numa época futura. Esse número é bem proeminente em Apocalipse, havendo doze mil selados de cada uma das doze tribos de Israel, e havendo uma coroa de doze estrelas na cabeça da mulher, Apocalipse 12:1. E a Nova Jerusalém tem doze portões com doze anjos, doze fundamentos e doze mil estádios de comprimento. Então a árvore da vida dá doze tipos de frutos durante os doze meses de cada ano.
Há outros números que têm valor simbólico na interpretação das Escrituras, mas o sentido de todos os outros será determinado principalmente pelos sentidos combinados dos números dos que são compostos. Essas coisas, se estudadas em conexão com as outras Leis de Interpretação da Bíblia, têm considerável valor interpretativo, e não se pode ignorá-las sem diminuir a eficiência da nossa interpretação.
Autor: Davis W. Huckabee