quinta-feira, 5 de março de 2015

Reza com oferenda e batucada



A revista VEJA SÃO PAULO* traz uma notícia que aborda sincretismo religioso na comemoração do dia da Consciência Negra. O título da notícia é REZA COM OFERENDA E BATUCADA. Em vez de música de órgão, atabaques. Na hora do ofertório da hóstia e do vinho, mulheres dançam rumo ao altar carregando alimentos.
As missas afro que celebrarão o Dia da Consciência Negra, comemorado na quinta (20) em homenagem à morte de Zumbi dos Palmares, misturam tradições dos escravos à liturgia católica.
Pr. Natanael como o irmão vê essa mistura de missa católica com cerimônias típicas celebradas pelos cultos afros? Será que Deus se agrada dessa forma de culto que revela sincretismo religioso?
Não sei o que pensam os católicos, mas quando leio nessa notícia que “Na hora do ofertório da hóstia e do vinho, mulheres dançam rumo ao altar carregando alimentos” e que “As missas misturam tradições dos escravos à liturgia católica” admito que isso é uma profanação da missa que representa, segundo o dogma católico, o corpo, a alma e a divindade do próprio Cristo quando andava aqui na terra. É o dogma da transubstanciação.
Os católicos instruídos biblicamente sabem muito bem que não se pode servir a dois senhores (Mt 6.24). Como será que os católicos vêem durante uma missa, pessoas não católicas tocar os atabaques diante do altar entoando seus cânticos, enquanto “pais e mães de santo”, todos paramentados segundo suas crenças, dançam e cantam invocando seus “deuses”?
Não há uma contradição nessa cerimônia religiosa sincrética entre católicos e membros de cultos afros quando a igreja católica reivindica ser a única religião verdadeira e que fora dela não existe salvação? Teria mudado na prática aquilo que crê e ensina em teoria que também nos cultos afros existe salvação?
O menor prejuízo que pode trazer à igreja Católica é levar seus fiéis a acreditar que todas as religiões são válidas e mais ainda: acreditar que não há diferença entre a igreja católica e as religiões afros. Até onde conheço isso não é na verdade ecumenismo, mas declaradamente sincretismo.
Há alguma declaração do Papa sobre a diferença entre o culto católico e os cultos afros? Sim. Disse o pontífice João Paulo II: “A Igreja Católica tributa um sincero respeito em relação aos cultos afro-brasileiros, mas considera nocivo o relativismo concreto de uma prática entre ambos ou de uma mistura entre eles, como se tivessem o mesmo valor, pondo em perigo a identidade da fé cristã católica (g. m).
Ela sente-se no dever de afirmar que o sincretismo é danoso ali onde a verdade do rito cristão e a expressão da fé podem facilmente ser comprometida aos olhos dos fiéis, em detrimento de uma autêntica evangelização”. (L’Osservatore Romano n. 40 de 7/10/95, p.7)
O que diz a Bíblia sobre o sincretismo religioso? Por exemplo, quando o povo de Israel estava entrando em Canaã como Deus advertiu o seu povo quanto à mistura de cultos pagãos aos cultos ao Deus único e verdadeiro? Antes de responder a pergunta é bom que apontemos o que signficam as duas palavras sincretismo e ecumenismo. Esta significa a tentativa de unir todas as religiões consideradas cristãs e sincretismo é a formação de uma nova seita adotando os ensinos e práticas de outras seitas.
Agora, quanto à pergunta formulada dizemos que, por todo o Pentateuco, encontramos recomendações expressas de Deus contra à prática do sincretismo religioso. Deus não só ensinou o seu povo a não se misturar como também os castigou pesadamente quando desobedeceram e se misturaram ao culto pagão da época. “Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.
Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti. Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus.
Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR teu Deus não permitiu tal coisa.” (Dt 18.9-14). No texto em tela há proibições claras contra todas as práticas aos cultos afros: “… nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;”
Ainda No Salmo 106.34-37 se lê a razão por que Deus proibiu terminantemente a idolatria. Os israelitas estavam adorando demônios quando se prostravam diante dos ídolos daquelas nações. “Não destruíram os povos, como o SENHOR lhes dissera. Antes se misturaram com os gentios, e aprenderam as suas obras. E serviram aos seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço. Demais disto, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios,”
No Novo Testamento há qualquer proibição contra a mistura religiosa? Sim. Paulo foi muito claro em 2 Coríntios 6.14 “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;”
Que palavras finais o irmão diria? A Lei n.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra. Entre nós, evangélicos, não há preconceito contra as diferenças de cores e nacionalidades.
Em Cristo Jesus, diz o apóstolo Paulo, “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”
* VEJA SÃO PAULO edição de 19 de novembro de 2008

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